É humano adiar tarefas, principalmente as desagradáveis, ou até mesmo deixar as decisões, das menos às mais importantes, para depois. Mas tem como ser mais produtivo e menos procrastinador.
Tenho visto cada vez mais gente comentando da dificuldade para lidar com a quantidade de informações que recebem a toda hora. São muitos estímulos, toda hora, mensagens, comentários, emails, notícias e várias outras coisas. Assim como eu, muitas pessoas têm as notificações do celular desligadas. E eu aprendi a controlar meus ímpetos para evitar distrações.
Um dos motivos para fazer isso é controlar a procrastinação. Informação demais acaba levando à falta de foco. É tanta coisa passando pela cabeça, é tanto medo de ficar de fora, que bate a sensação de estarmos fazendo um mundo de coisas, mas, no fim das contas, não termos feito nada.
A procrastinação acontece com 95% das pessoas, segundo Piers Steel, autor de “A equação de deixar para depois”. Ou seja, é humano adiar tarefas, principalmente as desagradáveis, ou até deixar as decisões, das menos às mais importantes, para depois.
Vi uma pesquisa que constatou que a maior reclamação dos millennials é ter escolhas demais e, por isso, não conseguem decidir o que querem. Entre vários fatores, talvez seja possível relacionar procrastinação a esse dado, pois ela costuma estar presente no processo que exige ação e tomada de decisão.
Mas não decidir é um grande erro nosso. O desconforto de fazer escolhas duras, sem saber do resultado, faz parte do processo de conquista. Sem TBC (“tirar a bunda da cadeira”), sem mão na massa, a vida não flui.
Outro problema do excesso de informações é a superficialidade. Ler mil manchetes de notícias nas redes sociais, todo dia, não nos torna mais culto em nada. Pelo contrário, acaba levando a julgamentos superficiais, ao acharmos que entendemos de algo só porque ficamos minimamente familiarizados.
Importante termos consistência, profundidade e, claro, paciência, tema de outro artigo.
Compromisso com você mesmo
Em meio à procrastinação, a gente deve pensar em compromisso. Muitas vezes deixamos de lado o compromisso que temos com nós mesmos e com nossos objetivos, por causa das distrações e das milhares de desculpas que criamos.
Em termos profissionais, às vezes nos falta a resiliência necessária para assumirmos a responsabilidade, sem adiar, das decisões difíceis, tarefas chatas, relatórios… Fazer mais do que tem que ser feito, ainda que desconfortável.
Com essa crise da covid-19, muitos vêm falando sobre o conceito de antifragilidade, que tem ligação com essa busca de assumirmos nossos compromissos. Para entender melhor sobre antifragilidade, o livro “Antifrágil: Coisas que se Beneficiam com o Caos”, de Nassim Nicholas Taleb, pode ajudar muito.
Agora, compartilho algumas dicas para combater a procrastinação.
5 dicas práticas para ser menos procrastinador
1. Aceite que você está errando
A insatisfação bate no fim do dia? Qual é a sua responsabilidade nisso? Primeira medida que você pode tomar para melhorar a sua produtividade é reconhecer tudo aquilo que está acabando com ela ao longo do dia. Isto é, seus erros do cotidiano.
Aceite o que está errado e lucre em cima disso. Você fica 1h30 no Instagram por dia? Talvez possa transformar essa distração em algo útil. Que tal você mesmo produzir conteúdo sobre algo relevante ali e não ser mais um consumidor passivo?
São muitas as distrações, mas cada um pode reconhecer o quanto quer estar compromissado com seus objetivos, e aprender a identificar onde tem errado.
2. Liste suas prioridades e comece pelo mais difícil
Tem quem goste de agenda física, Google calendar, planner, Trello. Seja qual for a sua forma de organização, uma boa ideia é separar um tempo no fim da sexta-feira ou do domingo para definir as obrigações e metas da semana.
E todo dia, faça a lista das prioridades. É importante? É urgente? Se não, pode ir para o fim da lista. Mas não roube, ou seja, não coloque as tarefas desagradáveis no pé.
Já há muito tempo, adotei o hábito de começar pelo mais difícil. À medida que consigo ir eliminando essa tarefas, meu dia vai ficando menos duro e termina melhor. Isso tem a ver com encarar atividades quando estamos com mais energia, pois é uma forma de evitar procrastinar algo importante quando estivermos mais cansados.
Crie o seu planejamento geral para a rotina. No meu caso, tento verificar emails e retornar chamadas 2 ou 3 vezes ao dia, somente. Ficar dependurado ali, respondendo a todos que chegam, faz o tempo passar sem ser eficaz.
A mesma ideia vale para o telefone. Você recebe ligações nada importantes e que tomam momentos preciosos do dia? Lide com isso, da forma como couber na sua rotina. Não deixe o dia acontecer sem planejar. Reconheça e evite seus “ladrões de tempo”.
3. Escolha métodos tipo “2 minutos” e “pomodoro”
Como continuação do tópico 2, a regra dos 2 minutos é útil para as pequenas obrigações diárias. Mandar um email, confirmar um compromisso, reservar uma mesa no restaurante, colocar o celular para carregar, e por aí vai. São coisinhas que, se a gente não fizer, vai acabar esquecendo e, no fim das contas, levam apenas 2 minutos.
Já o método pomodoro é aquele em que você divide um tempo específico para cada atividade e, assim, segue em frente, faz tudo e mais um pouco até que chega o momento de outra coisa.
A técnica costuma ter uma divisão própria de 25 minutos para cada tarefa. Mas cada um pode adaptar conforme achar melhor. Por exemplo, quem escreve, pode preferir dedicar 40 minutos ao texto e tirar 10 para a atividade que quiser.
4. Verifique cada tarefa (“check”) ✔️
Pegando o embalo da dica 3, cada tarefa realizada merece um “check” do lado dela. Isso contribui para a produção de dopamina, neurotransmissor fundamental para nossa energia, vigor e bem-estar, assim como endorfina, serotonina e oxitocina.
5. Faça atividade física
O que atividade física tem a ver com controle da procrastinação? Esporte desafia nossos limites e dá uma energia absurda para o dia a dia. Muito mais disposição para realizar tarefas, até as mais incômodas.
Gosto muito de esporte, de tentar novas modalidades, e isso sempre me ajudou. Há poucos anos aprendi um pouco sobre tênis e triatlo – esse último venho treinando atualmente, às vezes com mais, às vezes com menos intensidade, adaptando à minha realidade.
Me inspiro muito ao ver que grandes empresários e executivos do mundo mantêm uma rotina dedicada a isso.
E um bom exemplo é Boaz Dinte, que investe em empresas de tecnologia há mais de 20 anos e já participou de seis provas de Ironman. Ele escreveu, inclusive, um artigo sobre como essa experiência no esporte está totalmente ligada ao desempenho nos negócios.