Se não enfrentamos quaisquer obstáculos, não seremos tão fortes como temos potencial para ser
Não há nada de errado em ser uma pessoa atenciosa e gentil, aquela que seus familiares e amigos podem contar em diversas situações. A grande questão está em dizer sim com muita frequência e, na mesma medida, não conseguir dizer não. É preciso ter limite.
A história da borboleta que recebeu ajuda de um homem para sair do seu casulo é uma grande lição sobre como devemos enfrentar as dores e dificuldades da vida.
Todos conhecem essa história? Para os que não sabem, vou contar brevemente: certa manhã, um homem percebeu que havia um casulo na parede da varanda de sua casa.
Como parecia estar próximo da transformação da borboleta, ele decidiu observar o processo. Ficou durante muitas horas assistindo à transformação, e percebeu que a borboleta estava com dificuldades, forçando seu corpo através da pequena abertura do casulo, mas não conseguia sair. O homem, então, resolveu ajudar, cortou o casulo com uma tesoura e a retirou.
No entanto, a borboleta passou o resto de sua vida rastejando, incapaz de abrir as asas e voar. Foi a decisão dele de ‘ajudar’ que impediu uma parte fundamental do processo vital da borboleta: a dificuldade e o esforço para se libertar do casulo são indispensáveis para todas as borboletas, porque permitem que fortaleçam suas asas e estejam prontas para voar quando for o momento certo.
Muitas vezes, a dificuldade é justamente o que precisamos em nossa vida. Se não enfrentamos quaisquer obstáculos, não seremos tão fortes como temos potencial para ser.
Construir atalhos ou evitar que aqueles que amamos passem por obstáculos e dificuldades pode resultar, exatamente, no oposto do que desejamos. Muitas vezes, você e eu ficamos tentando ajudar todo mundo o tempo todo, sendo que o que a pessoa mais precisa é de um momento de pequena dificuldade para amadurecer. Para o próprio bem dela.
Quantos pais fazem de tudo para seus filhos e nunca dizem não? Estão formando homens que não conseguem resolver problemas e mulheres completamente frágeis perante dificuldades. Isso porque não deixam seus filhos passarem por privações, momentos onde têm de resolver seus próprios problemas, seja os mais simples que forem.
É necessário desenvolver sua capacidade de se posicionar e dizer mais não, perceber que as pessoas podem, sim, resolver os próprios problemas. Você é aquela pessoa que tenta agradar todo mundo?
Eu não quero que você deixe de ajudar as pessoas, tornando-se egoísta e centrado em si mesmo. Estou sugerindo que observe se você não está impedindo que alguém amadureça. Também não deixe as pessoas te usarem como escada. Você, em vez de ser bom, se torna o ‘bonzinho’. E saiba: o bonzinho não vence na vida!
Elimine seu vício de querer agradar e ajudar todo mundo o tempo todo e tire o vício das pessoas em pedir ajuda a você, para que elas amadureçam. Você vai ganhar, o outro vai ganhar. É vital que todos passem pelo processo de amadurecimento da borboleta e possam voar.
Wendell Carvalho é Treinador comportamental especialista em gestão do tempo, produtividade e desenvolvimento pessoal
Fonte: https://www.mundorh.com.br/o-poder-do-nao-no-processo-de-amadurecimento/