É preciso que as companhias fiquem atentas aos movimentos globais em relação à importância da qualidade de vida e ao bem-estar pessoal
Por Alex Takaoka, diretor da Fujitsu do Brasil
Nas últimas semanas o governo japonês divulgou novas diretrizes econômicas que recomendam que companhias reduzam a carga horária de trabalho semanal para quatro dias. Os benefícios vão desde aumento na qualidade de vida, na saúde, elevação da taxa de natalidade e, claro, da produtividade. Com isso, a população japonesa terá mais tempo para se dedicar aos estudos, ao lazer e aquecer ainda mais a economia do país.
O último relatório do Fórum Econômico Mundial desenvolveu o Índice de Competividade Global, na qual analisa o conjunto de instituições, políticas e fatores que determinam o nível de produtividade no país. O estudo de 2019, que fez o levantamento dos dados econômicos de 141 países, apontou que o Brasil ocupa a 71ª posição desse ranking.
A OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) usa o PIB por hora trabalhada como uma medida da produtividade e eficiência. Trabalhadores do México, Coreia do Sul e Grécia têm as mais altas cargas horárias do mundo, com médias de 2.257, 2.024 e 2.018 horas trabalhadas por ano. Já o PIB por hora trabalhada em relação ao total da economia foi de apenas US$ 21,6 no México; US$ 37 na Coreia do Sul e US$ 38,9 na Grécia. Enquanto isso, países que trabalham nitidamente menos horas lideram o ranking: a Irlanda está no topo da escala com um PIB por hora trabalhada de US$ 99,5, seguida pela Noruega, com US$ 83,1, e pela Alemanha, com US$ 72,2. Logo, a escala mostra que semanas mais extensas de trabalho não necessariamente se traduzem em maior geração de valor.
A pandemia do Covid-19 e, por consequência, o isolamento social, gerou uma verdadeira hiperconexão ao trabalho. O home office aumentou a disponibilidade dos colaboradores por meio dos dispositivos móveis e isto está provocando drásticas mudanças no âmbito corporativo. Ainda que por aqui não tenhamos ainda maturidade legislativa para diminuição formal das horas em atividade profissional, não necessariamente precisamos de leis para corrigir falhas educacionais ou melhorar nossa cultura organizacional. É inegável que a questão do direito à desconexão e ao bem-estar está ganhando corpo e a sociedade está refletindo sobre como melhorar o equilíbrio entre a vida pessoal e o profissional.
Nesse sentido, é preciso que as companhias fiquem atentas aos movimentos globais em relação à importância da qualidade de vida e ao bem-estar pessoal. Pois, várias pesquisas de RH apontam que é possível ser tão produtivo ou mais com jornadas de trabalho flexíveis e adequação da agenda de trabalho em função de demandas pessoais e familiares. Segundo uma pesquisa desenvolvida pelo International Workplace Group (IWG), 83% dos mais de 15 mil entrevistados acreditam que este é um benefício decisivo para a permanência dos colaboradores em uma empresa. De acordo com o estudo, os colaboradores percebem que o trabalho remoto é cada vez mais possível graças ao desenvolvimento da tecnologia e por economizar tempo. Ainda de acordo com a pesquisa 85% dos entrevistados se dizem mais produtivos em uma rotina flexível.
Fonte: https://www.mundorh.com.br/futuro-do-trabalho-produtividade-com-bem-estar-e-flexibilidade/