Entenda por que o questionamento “fale-me sobre você” é tão importante durante a seleção e veja como responder com sucesso
Quando alguém está em busca de uma nova oportunidade, geralmente o profissional envia muitos currículos, se candidata para diversas vagas e fica ansioso para receber um retorno. Quando, finalmente, surge a entrevista, ficam inseguros diante da pergunta “Fale-me sobre você?”
Você sabe como responder? Eu adianto que não existe uma fórmula certa. Mas as melhores respostas são as que relacionam bem o perfil do entrevistado com o da empresa contratante. Na verdade, nesse momento, o recrutador quer entender “o que você faz que pode ser útil para a empresa”. Então, não se preocupe em contar todos os detalhes da sua vida. Pense em pontos-chave que possam interessar ao contratante.
Pense que são nos primeiros cinco minutos que os entrevistadores formam uma primeira impressão a respeito do candidato. É claro que essa percepção pode mudar ao longo da entrevista. Mas quanto melhor for essa primeira impressão maior será o grau de atenção dos entrevistadores ao que o candidato tem a dizer.
Eu acredito que um roteiro interessante deve incluir um histórico de resultados de sucesso, sempre que possível com números ou porcentagens. Também é interessante encontrar uma forma de falar sobre as suas fortalezas e, obviamente, fazer a ligação desse discurso com o escopo da vaga em questão. Elabore um discurso macro, que seja claro e objetivo, porém completo. Chamamos isso de “elevator pitch”, que seria um discurso capaz de ser dito durante uma conversa de elevador.
Para ficar mais fácil de entender, imagine uma organização esteja em busca de um gerente de compras. No momento da pergunta “fale-me sobre você”, o entrevistador recebe duas respostas:
Candidato A
“Eu sou do estado X, sou casado com a Y, tenho um filho de Z anos e um cachorro. Adoro futebol. Agora, estou na fase de me arriscar como chef cozinhando massas. Fiz engenharia porque gostava de matemática e trabalhei um pouco na área técnica. Já fui desenhista, engenheiro de projetos por x anos e depois acabei indo para compras. Nesse momento estou atuando como gerente de compras na empresa X, mas a companhia não está tão bem. Estou em um momento de tentar mudar para uma organização onde eu possa ter uma perspectiva de crescimento. Aqui é super perto da minha casa, são 10 minutos de carro e por isso me candidatei.”
Candidato B
“Eu sou formado em engenharia, atuo na área de compras há dez anos, sendo que nos últimos quatro anos estou como gerente de diretos na empresa X. Nesses quatro anos eu consegui rever todos os contratos com os fornecedores existentes e revisei as políticas de reajustes. Consegui X milhões em reduções de custos mudando a maior parte dos contratos de reajustes anuais para trimestrais. Revi, também, o número de fornecedores e a rentabilidade dos contratos, diminuindo em 30% os fornecedores, mas melhorando a rentabilidade dos contratos em 20%. Fiz um plano de nacionalização dos fornecedores de maior volume para termos alternativas locais e minimizarmos os impactos do dólar nas importações. Gosto bastante de inovação e de sistemas. Implantei um portal de compras na companhia para os processos de sourcing e bids, e criei um portal interno para que as áreas possam colocar de forma automática os pedidos de itens de menor valor agregado, sem dependerem de compras e com um catálogo on-line. Também implantei pelo Demaic, da metodologia Seis Sigma, projetos de otimização de processos. Sou forte em construir times, estruturar processos de compras e escrever políticas. Sempre admirei a sua empresa pela razão A, B e C. Entendo que eu posso contribuir muito na sua área de compras.”
Avaliando as respostas de uma maneira rápida, na sua opinião, qual passou a melhor impressão para o recrutador? Eu arrisco dizer que você escolheu a B. Quando o entrevistador quer saber do lado pessoal, ele provavelmente, em algum momento, vai abordar esse tema. Mas, no geral, quando a pergunta é sobre a pessoa, sai em vantagem quem consegue falar dos feitos profissionais, relacionando as informações com a vaga em questão.
Solucione problemas
Minha dica: apresente para o recrutador motivos para ele te contratar e como você resolverá um problema dele. É claro que é uma via de mão dupla, já que os profissionais ajudam com habilidades e qualificações, enquanto a companhia os recompensa com salário e benefícios. Mas, na hora da entrevista, o candidato precisa reforçar que tem potencial e experiência para agregar valor ao time e ao departamento.
O discurso precisa ser objetivo, mas completo. Dependendo do perfil e da senioridade do entrevistador, é possível que ele tenha pouco tempo para a conversa. Ele precisa enxergar rápido qual é o candidato ideal para a vaga. Ouço muitos clientes se queixando que os candidatos foram cansativos na entrevista dando detalhes pessoais ou profissionais logo no início da entrevista que não interessavam para a vaga e que se estenderam demais não deixando tempo posteriormente para que o entrevistador pudesse explorar melhor alguns pontos chaves importantes para a vaga. Por isso é importante dosar o discurso, além de se preparar para a entrevista. Comentei sobre esse preparo em outro artigo.
Às vezes, vejo ótimos candidatos se lamentando que se perderam na pergunta “fale-me sobre você” e não conseguiram retomar o raciocínio ao longo da entrevista. Alguns sentiram que o entrevistador perdeu o interesse, começou a olhar no relógio, enfim, o encanto se perdeu. Não deixe que isso aconteça com você.
Fonte: https://vocesa.abril.com.br/blog/isis-borge/pergunta-entrevista-emprego/