Quando o uso dos dados se torna um hábito benéfico, ele deixa de ser temido e passa a ser potencializado e disseminado
O uso de dados para tomada de decisões quando o assunto é gerir talentos, tornou-se algo necessário no nosso dia a dia. Porém, isso trouxe algumas preocupações, principalmente no que diz respeito às pessoas – principal ativo das empresas. Ora, os dados, mesmo que venham de processos e sistemas, foram originados por alguma pessoa e, em algum momento, tiveram a interferência humana ou estão relacionados a alguém. Além disso, as decisões tomadas também afetam direta ou indiretamente a rotina ou até mesmo a vida dos indivíduos.
Por estes motivos, tanto a captura destes dados, como a forma como são utilizados, despertam um certo receio na maioria das pessoas, sejam elas gestoras ou colaboradoras. Mas e se os maiores beneficiados pelos resultados alcançados forem os próprios colaboradores? Já parou para pensar nisso? E se cada um pudesse usar esses dados para aumentar o seu autoconhecimento e melhorar o seu dia a dia?
Com cada indivíduo promovendo pequenas melhorias e estas sendo compartilhadas e multiplicadas, qual seria o impacto para o resultado de uma célula de trabalho? E da área? E da empresa? Pensando assim, usar os dados para multiplicar e transformar, já não parece algo tão aterrorizante. Desta forma, ao falarmos em gestão baseada em dados, é muito importante trabalhar também alguns aspectos culturais:
- Transparência e responsabilidade em todos os níveis: eu conheço, acesso, sei a finalidade do uso dos dados e como são operados.
- Comunicação resguardada por dados: o uso dos dados passa a legitimar toda e qualquer informação, e até mesmo ser elemento fundamental para as pessoas entenderem contextos e validarem ideias.
- Acesso à informação, regras, políticas internas e treinamentos constantes: é importante garantir a consistência no uso dos dados de forma prática, gerando empoderamento e autonomia dos colaboradores para propor e argumentar sobre ações e decisões.
- Diminuir complexidades: quando lidamos com big data (grande quantidade de dados), as chances de nos perdermos em meio a um mar de informações é grande, e pode acabar consumindo muitos recursos sem que o resultado seja atingido. A capacidade de simplificar traz velocidade de aprendizado e objetividade, e todo mundo ganha nesse processo.
Quando o uso dos dados se torna um hábito benéfico, ele deixa de ser temido e passa a ser potencializado e disseminado. Como todo hábito, precisa ser iniciado e praticado com disciplina; é aí que a alta gestão e líderes exercem um papel fundamental sendo exemplo, incentivadores e impulsionadores da mudança.
Cada passo dado em frente reflete e compõe todo o processo de tomada de decisões, desde questões rotineiras até estratégicas e de grande impacto, permeando a cultura e os resultados que eles oferecem por toda companhia, além dos outros ganhos que pontuei acima. O que impede algumas empresas de gerir pessoas à luz de informações estratégicas e precisas, e por outro lado, o que as fazem permanecer na escuridão e às cegas do processo?
É para refletir e se questionar diariamente, essa é a minha sugestão hoje.
Por Sarah Hirota, líder de Pessoas e Cultura da Fhinck, startup de alta tecnologia que ajuda grandes empresas a terem maior desempenho operacional, eficiência, produtividade e qualidade de vida.